Contemplar a natureza no fim de inverno continua a ser sempre desejo ardente de primavera, dessa que entra pelo mar dentro como flores amarelas ou rio na sua foz.
Num tempo crepuscular e triste como este, só a evasão na Natureza (repito) nos salva e vem como as palavras de quem estimamos ou reaprendemos a estimar.
Este tempo, por mais voltas que lhe tentemos trocar, continua a estar cheio de medos, frustrações, desilusões e lugares comuns. O final de dias de palavras sem toques, abraços ou beijos, mas com sentimento, verdade, conhecimento, razão, num ambiente de beleza, pode, acabar, num instante posterior, quando de um outro lugar é de outras gentes, chega, numa única frase, o que nos faz gelar por dentro. O lugar comum. Esse que destrói a ilusão da clareza com que se devem tecer relações de amizade.
Decidamente este é um tempo velho, doente, como as frases batidas que definem os seres em corpos novos e velhos, colocando almas em prateleiras de usos vários consoante os interesses.