Coimbra, 25 de Janeiro de 1982 — Dia negro, em que não fui capaz de iluminar com o clarão de um verso o meu sofrimento. Bem lutei. Mas não tive a graça de ser o taumaturgo de um milagre de luz enfeitiçada que, num relâmpago, ao menos por breves instantes, me tornasse transparente a alma opaca.
Se puderes Sem angústia E sem pressa. E os passos que deres, Nesse caminho duro Do futuro Dá-os em liberdade. Enquanto não alcances Não descanses. De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado, Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar. Sempre a sonhar e vendo O logro da aventura. És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura Onde, com lucidez, te reconheças...